quinta-feira, 30 de abril de 2009

Os maus tratos da Liberdade!

Pudemos assistir no passado sábado a mais uma cerimónia de comemoração do 25 de Abril, 35 anos volvidos, na assembleia da república. Os discursos proferidos pelos vários representantes das diferentes bancadas com representação no emíciclo, à excepção do partido socialista, pautaram-se pelas críticas ao desempenho da actual governação, na minha opinião muito bem.
Porém, mesmo sendo eu militante do Partido Social Democrata, o discurso do líder da bancada do PSD fora de uma excelência tal, que, é meu dever de consciência politica relevar entre os demais. Para todos aqueles que atribuem à liberdade um pilar fundamental e facilitador da concretização da individualidade, a revolução de Abril levada a cabo pelos militares é um facto incontornável e, que, a minha geração, que é a mesma do dr. Paulo Rangel, deverá estar sempre grata. Este legado é inestimável e, todos sem excepção, em minha modesta opinião, jamais poderemos ignorar.
As referencias contidas no discurso do Paulo Rangel apontaram neste sentido, todavia, vão muito mais fundo, a liberdade é uma construção diária, que implica muito esforço de todos, pois, não confere só direitos às pessoas, confere, também, muitos deveres e uma incomensurável responsabilidade. Alguns autores chamam a isto, cidadania.
Sem querer fazer aqui interpretações abusivas do sentido e alcance do discurso proferido, houve, contudo, uma questão primordial, talvez mesmo central: qual o papel da geração que hoje em dia tem próximo dos 40 anos, mais um bocado ou menos um bocado, no consolidar da liberdade e na sua vivência, em virtude dos inúmeros erros cometidos pela sua predecessora?
Deixo aqui, a propósito dos erros cometidos, alguns exemplos que penso serem de uma evidência irrefutável; o modelo económico preconizado pelos vários governos após a revisão da constituição de 1989 que previra o fim da economia de cariz socialista e introduzira a economia de mercado, nunca fora atingido; O Estado é omnipresente em quase todos os sectores da economia, principalmente na qualidade de cliente, favorecendo uns em detrimento de outros, destorcendo, assim, a livre concorrência, facilitando por esta via em grande medida a corrupção Pouco se fez no sentido de estreitar assimetria económica, financeira e cultural, entre os mais ricos e os mais carenciados, temos a este nível, entre os 27 da U.E, o fosso mais acentuado; por último, a escolarização dos portugueses e das portuguesas, umas das mais baixas da Europa comunitária.
Na verdade, face ao quadro actual, económico, financeiro e cultural, não podem só serem assacadas responsabilidades à crise internacional, há muitas responsabilidades que podem ser acometidas ás gerações predecessoras, umas vezes por acção, por aquilo que fizeram, outras por omissão, por aquilo que deviam ter feito e não fizeram.
Assim, cada vez mais será necessário a minha geração tomar a consciência que o futuro, o bom, passa e passará nos próximos anos por uma cidadania mais participativa e responsável, e todos aqueles que se acharem capazes de servir a politica e, não de se servirem dela para fins pessoais, seja por simples vaidade ou seja para obter vantagens de natureza patrimonial. Estou certo que também deixaremos um bom legado às gerações vindouras e, a Liberdade agradecerá

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