terça-feira, 5 de maio de 2009

Será necessário um bloco ao centro?

A possibilidade do partido Socialista de não renovar a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, segundo os indicadores das várias sondagens até agora efectuadas, é cada vez mais uma certeza. Esta probabilidade tem causado nos meios políticos grande preocupação e inquietação, sobretudo, ao chamado bloco central. Não deixo de fora desta preocupação o chefe de Estado que trouxe o assunto à baila, de forma indirecta, no discurso proferido aquando das comemorações do 35º aniversário do 25 de Abril.
Penso que é consensual nos historiadores e nos politólogos endigenas que, o designado governo do bloco central surgira numa altura muito conturbada da vida politica e económica do nosso país, de 1983 a 1985 em que, a banca rota, fora quase uma realidade. O défice púbico e a dívida pública atingiram valores quase dramáticos. Em todo o caso, não posso de deixar de prestar tributo ao Prof. Mota Pinto, então líder do PSD, como também ao dr. Mário Soares, chefe deste governo, e ao dr.Hernâni Lopes à época ministro das finanças pelo trabalho eficaz então realizado. Contenção das contas públicas e na preparação da integração do país na EU, na altura designada por CEE.
Apesar de vivermos a maior crise económica internacional pós segunda grande guerra, a situação não é equiparável àquela que fora vivida pelo nosso país nos passados anos do inicio da década de 80, o cenário de “banca rota” não fora descartado pelas razões atrás referidas. Deste modo, a não ser que nos estejam a esconder alguma coisa, ou que a situação económica piore de tal maneira no curto prazo, e que coloque o país num caos financeiro e económico, de todo em todo, o bloco central será necessário à democracia portuguesa.
Por um lado, a população portuguesa não entenderia uma coligação entre os dois maiores partidos portugueses, sobretudo, com os actuais líderes. A dr. Ferreira Leite tem pautado o seu discurso pela defesa intransigente da seriedade política e pelo gasto selectivo dos dinheiros públicos na presente conjuntura. O actual líder do Partido socialista e primeiro ministro, sem prescindir da presunção de inocência de todo e qualquer cidadão, está sob suspeita politica. Se perguntássemos à totalidade dos portugueses qual a opnião sobre o caso Freeport, estou certo, no mínimo, na sua esmagadora maioria, diriam que o caso está mal explicado.
Por outro, o país precisa mais do que nunca de uma clarificação politica, quem defende o quê, quais as reformas urgentes a fazer e quem as pode e quer levar a cabo. Um governo do bloco central, não pretendendo aqui fazer generalizações, iria dar azo à distribuição de cargos públicos, favorecimento de clientelas, privilégios concedidos a amigos e conhecidos, pelos dois partidos, através de dois critérios, a filiação partidária e do amiguismo.
Com efeito, se o país cair na solução apontada - bloco central – em nada beneficiará com esta opção, ficará sem oposição politica, sem alternância partidária, ao meu ver premissas indispensáveis para consolidação do regime democrático. A alternância partidária nas democracias é a sua essência, é a sua força e a sua razão de ser. Assim, a ideia de que o poder corrompe e o que isto encerra em si de pernicioso por facilitar o aparecimento de uma qualquer ditadura, deverá estar sempre presente na consciência dos cidadãos. Bloco Central espero que, nunca mais!

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