terça-feira, 17 de março de 2009

"O SEBASTIANISMO NÃO NOS LARGA"

A visita do presidente angolano e da respectiva comitiva, na semana passada, ao nosso país, fez ressurgir no meu espírito a ideia recorrente do regresso do “sebastianismo”, alguém que nos venha salvar. O pais vive na pior crise dos últimos 50 anos, embora saibamos que esta teve origem no estouro dos mercados financeiros, porém, não podemos descartar as nossas debilidades: empresários de visão curta, funcionários pouco qualificados, legislação laboral pouco flexível, morosidade da justiça, sindicatos coevos e, por último a produção nacional, salvo raras e boas excepções, não cria valor acrescentado nos bens que comercializa.
Angola segundo aquilo que vem noticiado nalgumas revistas de referência, acolhe cerca de 100 000 mil portugueses, e este número tende a aumentar, a não ser que a procura do petróleo nos próximos tempos caia para números muito baixos. Pois sabemos que a principal fonte de riqueza deste país é a venda do “ouro negro”, permitindo, nos últimos anos, crescimentos do produto acima dos dois dígitos.
Assim, obras públicas de grande dimensão estão a ser levadas a cabo em Angola, como estradas, portos, aeroportos, habitação social, como, também, nas obras privadas sucede o mesmo, exemplo disso: empreendimentos turísticos de média e grande dimensão. Não há dúvida que esta situação pode ser favorável para alguns empresários portugueses, mas não pensem que Angola é a salvação dos nossos problemas estruturais, pois só algumas empresa terão capacidade tecnológica para competir com empresas de outras potências que também vêem Angola uma oportunidade de negócio.
Para além do mais, Angola, só há meia dúzia de anos é que vive em paz. Está em reconstrução, politica, cívica, económica e social. É por todos conhecidos, que a corrupção é elevadíssima, que existem muitos problemas com a segurança das pessoas e dos respectivos bens. A saúde está muito longe de ser aceitável.
Por tudo isto, não se convençam, nem nos queiram convencer que Angola vai ser a salvação do nosso país. Não vamos colonizar nada. Quando muito, e se os nossos empresários tiverem juízo, criar parcerias com empresas angolanas e esperar que a médio e longo prazo possamos, os dois países, tirar partido desse investimento.
Mudando de assunto, quero aqui manifestar a minha total incompreensão pelo encerramento das salas de cinema do centro comercial Eborim, sem que se tenha acautelado outro local com as mesmas condições para a projecção de filmes com o mínimo de condições. A solução dada pela câmara para o encerramento das referidas salas, é a utilização do auditório da EU. Entendidos, afirmam que, não tem condições técnicas, para uma boa audição e respectiva visualização dos filmes. Uma pequena localidade sem cinema é incompreensível, quanto mais uma capital de distrito. Cada um tem aquilo que merece!!!

terça-feira, 10 de março de 2009

A Crise e as Oportunidades

Os acontecimentos da última semana verificados na assembleia da República, em que, dois deputados, um do partido socialista e outro Partido Social Democrata, trocaram palavras insultuosas e impróprias para serem proferidas num local de tão grande importância, como é a sede da democracia, o parlamento, provocaram no país atento e civilizado desagrado e incompreensão.
Não quero nem pretendo julgar os deputados em questão, porque não estava lá e, não conheço a verdade dos factos. Porém, o respeito, a lisura, a correcção e urbanidade devem ser qualidades de todos aqueles que nos representam. Quem não perceber e não aceitar tais premissas, não pode nem deve frequentar tão insigne local.
A democracia como conceito, salvo erro, étimo grego, significa poder do povo. A nossa democracia não é directa, pois, não temos todos assento na assembleia. Trata-se, portanto, de uma democracia representativa. Elegemos os nossos representantes através do voto, sendo este, universal e secreto. Por via de regra, se não existir algo de atípico, como foi a dissolução do parlamento promovida pelo presidente Sampaio, quando era líder do governo Santana Lopes, votamos nas eleições legislativas de quatro em quatro anos.
Por isso, a delegação de poderes e de deveres feita pelos cidadãos aos senhores deputados através do voto nos regimes democráticos, é da maior responsabilidade para quem os recebe. Pois, têm sobre os seus ombros o poder/dever de decidir sobre a vida dos seus concidadãos. Conquanto, devem os candidatos/deputados, para além das sua competências técnicas e politicas, serem pessoas cujo passado esteja acima de qualquer suspeição e de uma urbanidade imaculada.
Na verdade, desejo que este episódio caricato, não passe disso mesmo, um episódio insólito. Porém, numa altura em que se critica tanto o nível da qualidade dos deputados. Não sei se com razão, ou sem ela. Cabe aos partidos, sem excepção, pelo menos os que têm assento parlamentar e, agora que vivemos em tempo de crise e, que as eleições se aproximam a cada passo, de encontrarem dentro das sua fileiras ou mesmo fora delas pessoas, mulheres e homens, que estejam a altura de ocupar tão digno cargo.
As crises, tenham elas que natureza tiverem, criam oportunidades para a mudança. Podemos constatar isso na economia, com aparecimento de várias empresas a ocuparem nichos de mercado que até aqui não eram preenchidos por ninguém. Não tenho dúvidas que a politica e os seu agentes também andam em crise. São muitos, ou pelo menos são de mais os que têm os nomes sob suspeita. Primeiro-ministro, ex-ministros, presidentes de empresas públicas, deputados, autarcas ect, etc. Com efeito, não se perca mais uma oportunidade para credibilizar a politica e os seus agentes. Talvez não haja mais oportunidades.