terça-feira, 9 de março de 2010

O síndrome grego.

O Governo apresentou ontem a proposta para o Pacto de Estabilidade e Crescimento, escrevo esta crónica no dia 9 de Março, terça-feira. As medidas estruturantes que integram o documento estão ligadas ao congelamento dos salários dos funcionários públicos, a suspensão da realização das obras previstas da rede ferroviária de alta velocidade, Lisboa/Porto e Porto/Vigo, a alienação, parcial ou total, de algumas das participações do Estado em empresas públicas ou privadas e, a medida demagógica, sublinhado meu, de aumentar a taxa do imposto em sede de IRS para os contribuintes que tenham um rendimento superior a 150 000 euros por ano, de 42% para 45 %, como se esta medida configurasse um aumento significativo da receita fiscal.
Face às medidas conhecidas da proposta do Governo para o PEC, assalta-me, pelo menos, uma questão prévia, para quem como eu que, não é economista, nem Gestor. É razoável aceitar, sem reservas, que as mesmas pessoas que elevaram um défice público de quase 3% do produto interno para mais de 9% estarão à altura de o reduzirem para 3% até 2013. Tenho muitas dúvidas e oxalá que esteja, redondamente, enganado. O país só ganhará se eu estiver equivocado.
Tenho sido crítico da actividade sindical no nosso país. Na minha opinião os sindicatos portugueses, sem excepção, têm sido dos mais ortodoxos no quadro europeu da zona euro. O espelho do que agora afirmo tem tradução na legislação laboral portuguesa, demasiado rígida e desequilibrada a favor do trabalhador. Motivo pelo qual, na opinião de muitos economistas, da fraca procura do nosso mercado por parte dos investidores estrangeiros. Todavia, tenho de condescender, quando afirmam que são sempre os mesmos a pagar a crise. Há mais de dez anos que é a classe média a pagar as politica demagógicas levadas a cabo pelos Governos socialistas. O próximo Governo, como primeira medida, deveria contratar uma empresa independente para auditar as contas públicas e toda a contratação onde interveio o Estado, respeitante aos últimos 15 anos.
O PEC português para ter alguma credibilidade, tem de preconizar o fim de muitos dos privilégios imorais auferidos por gente ligada ao poder. Refiro-me, designadamente, a pessoas e a empresas ditas do regime. São milhões de euros gastos todos os anos para alimentar esta gente. Se houver coragem de por cobro a esta pouca-vergonha, talvez se possa endireitar as contas públicas, e assim aliviar quem realmente produz. Caso contrário, daqui a 3 anos estaremos a falar de uma nova Grécia, para nosso mal.

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