quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

VENDEDOR DE ILUSÕES

A entrevista dada pelo primeiro-ministro à estação de televisão Sic segunda feira, demonstrou, uma vez mais, a habilidade inegável que José Sócrates tem para ludibriar a realidade e criar expectativas, as respostas às perguntas formuladas pelos jornalistas são exemplo disso: foram confusas e pouco convincentes e as soluções apresentadas para combaterem a crise em que vivemos, financeira e económica, para um observador médio, são no mínimo questionáveis.
O primeiro-ministro e os seus colegas de governo foram apanhados de surpresa pela crise financeira, desconheciam os sinais que, há mais de um ano eram falados e debatidos em fóruns e imprensa credível, como a bolha imobiliária Espanhola, a crise do crédito hipotecário nos Estados Unidos, a especulação desmesurada nas bolsas internacionais. Esta informação não era tida pelo governo a julgar o que disse à sic o nosso primeiro ministro. De duas uma, ou anda enganado ou quer-nos fazer crer que ele se enganara. Eu não acredito que ele não soubesse qual a amplitude da situação financeira internacional.
Vamos por partes, ainda há três meses atrás o ministro Manuel pinho afirmara que Portugal estava acoberto de qualquer crise, fazendo lembrar o antigo ministro das finanças de Cavaco Silva, quando o mesmo defendera que Portugal era uma espécie de Oásis, nada de negativo nos assolara, ao invés, os demais países entravam em recessão económica. Passado pouco tempo sobre estas declarações, a realidade caiu sobre as nossas vidas. Os país entrara em recessão.
Este episódio caricato da nossa vida politica devia servir de lição, porém, face à entrevista de ontem, pelo menos o José Sócrates não a aprendera ou simplesmente não a quis aprender. Defender estoicamente que, nós estamos em melhores condições para fazer face a uma crise desta dimensão hoje, do que estávamos há três anos atrás, parece-me no mínimo ilusão, mesmo sabendo que o governo que ele lidera, conseguiu baixar o défice público de 6,8% para 2,2% . Todos sabemos que este resultado ficou mais a dever-se à eficácia da máquina fiscal do que ás reformas estruturais levadas a cabo. A despesa pública que devia ter baixado consideravelmente, isso não fora conseguido.
Por conseguinte, temos as famílias e as empresas mais descapitalizadas e menos capazes para enfrentar a crise, situação a par do colapso financeiro internacional de difícil superação. Não estou convencido que o país tenha condições económicas para enfrentar a actual conjuntura, sem o encerramento de muitas empresas, com o desemprego a atingir números dramáticos e agitação social será um facto irredutível, apesar de o primeiro ministro defender que a solução para o actual problema passa pelo apoio ao emprego e no aumento de algumas prestações sociais, por um lado, e o recurso ao investimento público, por outro. No que concerne às primeiras, parece-me ajustado tendo em vista a exclusão social. Já no que toca ao investimento público, não produtivo, auto estradas, ponte sobre o rio Tejo, TGV, traçado (Lisboa-Porto) e mesmo o novo aeroporto internacional, parece-me de duvidosa oportunidade e não menos duvidosa necessidade.
De resto, sem as reformas estruturais que o país carece na educação, justiça, saúde e na administração pública com o objectivo de tornar estes sectores do Estado mais eficazes e menos pesados para erário público e , com isto, baixar, significativamente, a despesa pública não conseguiremos criar as condições para enfrentar esta ou qualquer outra crise. Com efeito, não é no despejar de milhões de euros nas obras públicas não produtivas que criaremos uma economia pungente, isto só aumenta os bolsos de alguns empreiteiros, e aumenta, também, a dívida pública,. Temo mesmo, que estaremos a hipotecar, uma vez mais, as gerações futuras.



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