terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Nada de novo!

Antes do mais quero saudar a reaparição do Miguel Sousa Tavares na apresentação e na edição de programas de informação. No passado fora protagonista a par com os seus dois convidados regulares, António Barreto e Pacheco Pereira, de bons momentos de televisão em que o debate e a informação contribuíram para um melhor Portugal politico. No menos, mais esclarecido.
A escolha do actual primeiro-ministro como o seu primeiro convidado, causou-me uma sensação ambígua. Fiquei sem saber se a escolha fora um acto de coragem, ou um acto de reconhecimento público à pessoa do primeiro ministro. José Sócrates, é um politico com uma grande capacidade de argumentação, que ficou demonstrada na entrevista, Por outro lado, as crónicas de Sousa Tavares no expresso, de quem sou leitor regular, por regra, levantam questões da maior importância, porém, no que toca à apreciação da governação de José Sócrates, sobretudo na última campanha para as legislativas, não me apercebi, pelo que li, que tenha demonstrado algum incómodo se Sócrates viesse a ser reeleito.
Posto isto, gostava de recentrar o meu raciocínio na prestação do primeiro ministro na entrevista dada MST. Tenho para mim que, julgamentos na televisão, pelo menos com este “Réu”, coloco a palavra Réu, entre aspas, é uma má opção. Primeiro, porque José Sócrates nunca fora considerado suspeito nem arguido num qualquer processo crime. As autoridades judiciárias portuguesas com competência para avaliar as questões formais e substanciais, na primeira fase de um qualquer processo criminal que, alegadamente, o primeiro ministro possa estar implicado, directa ou indirectamente, vieram a público afirmar que não havia indícios para uma eventual responsabilização criminal. Quem estava à espera de encontrar motivos para uma condenação, saiu defraudado.
Com efeito, a entrevista, quanto a mim, deveria ter sido conduzida num plano, eminentemente, politico. Por que neste âmbito, o actual primeiro ministro, para nosso infortúnio, tem muitos motivos para que seja condenado. Temos ou não um grave problema de consolidação das contas públicas. Temos sem dúvida alguma. Como factos incontornáveis, há um défice de 9,3%, uma dívida pública, ao contrário do que o primeiro ministro afirmara na entrevista, a dívida do Estado não é 76% da riqueza, a divida consolidada já ultrapassa os 100% do PIB. Quando referiu de que era daquele montante, esqueceu-se de referir, certamente, as dívidas do sector empresarial do Estado e as parcerias público privadas. As tão badaladas engenharias contabilísticas…
Por outro lado, ficámos a saber que o primeiro-ministro não tem outras medidas de combate ao desemprego, para além do investimento público em massa. As obras faraónicas; TGV,S e quejandos são a terapia. Para muitos economistas da nossa praça, esta terapia só agrava a dívida e não cria emprego sustentado e, prejudica fortemente, as gerações vindouras. Quem vem atrás, que feche a porta…Isto no mínimo é uma grande irresponsabilidade.
Ora, a entrevista veio acentuar as minhas certezas de que este Governo, embora com legitimidade politica, pretende continuar a laborar nos memos erros que, há muito, não só os Governos socialistas, vêm praticando. Contrair endividamento para fazer face a investimentos não reprodutivos, que, resolvem, aparentemente, o presente, mas que hipotecam o futuro.
Por último, não podia concluir esta crónica sem deixar aqui o meu pesar pelos momentos de grande dificuldade que os nossos compatriotas madeirenses estão a viver.

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