quarta-feira, 18 de novembro de 2009

EXPECTÁVEL

Só por hipocrisia ou desonestidade intelectual é que o caso “face oculta” nos pode surpreender ou deixar-nos irritados. Tudo isto era previsível. Metade dos cidadãos portugueses depende directamente do Estado, ou pelo facto de o ter como patrão, ou por que é pensionista. O Estado está presente em quase tudo, tropeçamos a todo o momento na sua existência.
Quando o Estado absorve mais de 50% da riqueza nacional, para manter a seu desígnio, muito pouco fica por dizer. Claramente, esta situação é propiciadora de muita cobiça, e, espoleta nos dirigentes partidários uma grande vontade de exercer a sua gestão e direcção. O Estado é patrão, regulador, fiscalizador, prestador e é empresário.
Contextualizado o “modus operandi” do Estado português, podemos formular vários diagnósticos e proceder a várias conjecturas. Entre os quais a aparente generalização do fenómeno da corrupção. Se a economia não está globalmente liberalizada, i.e, sem a interferência nefasta do Estado, porque a boa seria uma intervenção isenta, independente e sempre debaixo do chapéu do interesse público, o resultado só pode ser aquele que alegadamente está debaixo dos nossos narizes. Um fartar vilanagem……
Não tendo pessoas à altura, como não parece ter, os últimos factos, não elidem a presunção de à partida; somos todos honestos e responsáveis.
E não me venham dizer que as generalizações são perigosas e injustas. Somos todos responsáveis pela situação calamitosa e da baixíssima credibilidade do Estado. Uns por acção, outros por omissão. Muito poucos são aqueles que têm coragem para proceder a uma denúncia de um comportamento que suscite um juízo de censura. Ou têm medo de perder uma qualquer promoção na carreira, que o marido ou mulher, ou o filho ou a filha, deixe de poder beneficiar de uma qualquer cunha que possa ser metida a um qualquer conhecido com poder. Vivemos nestas águas paradas, diria mesmo nauseabundas. Não falo de asfixia, mas que fede, fede, e, muito.
Posto isto, ou mudamos radicalmente as nossas atitudes e comportamentos e procuramos o caminho do respeito pelo interesse público como desiderato cimeiro de uma boa e saudável convivência social, ou pomos um fim ao Estado de Direito e, imperará a República das Banas há muito propalada.

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