segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A virtude privada deve ser também a virtude pública

No contexto em que vivemos a nível político, social e económico de grande incerteza e de desfecho imprevisível, embora ilustres economistas e diplomados fazedores de opinião, a saldo sabe-se lá de quem, tivessem previsto o “paraíso” para os próximos tempos no nosso país. Para avivar a memória de alguns, vejamos exemplos: previa-se que ano de 2009 seria de crescimento económico, na Europa e, consequentemente, em Portugal, o desemprego baixaria, a crise ia ser ultrapassada, tudo de bom para 2009. Estas previsões devem ter sido concretizadas com o recurso ás cartas de alguma não menos reputada astróloga, não posso de deixar aqui a minha perplexidade, quando há muito já se sabia que maus anos se vislumbravam. A juntar a tudo isto, a querela existente entre o ministério da educação e os professores, sem fim à vista. Tempos difíceis são estes em que vivemos actualmente.
Acresce à conjuntura difícil em que mergulhámos, factos políticos de todo inacreditáveis de sucederem num país civilizado e democrático. Primeiro a polémica ocorrida na Madeira; o deputado do PND fora impedido de entrar na assembleia legislativa regional por seguranças privados depois ter chamado de ditador o presidente do governo regional e levara uma bandeira nazi para o emíciclo onde a desfraldou em tom provocatório e dezafiador. Goste-se ou não do método, eu reprovo, mas não posso aceitar que a noticia passe sem uma repreensão dura por parte do Presidente da República, pois é o garante do regular funcionamento das Instituições. A actuação da PSP, segundo comentários de ocasião, não terá sido em conformidade como é sua obrigação e dever legal. Também não repuseram a ordem pública.
Segundo facto lamentável e incompreensível, fora aquele produzido pelo Procurador-geral da República, ao cruzar-se por um grupo de pessoas no qual estava o procurador do processo casa pia, lhe perguntara quando é que estavam prevista as alegações finais do alegado processo e, este lhe respondera para finais de Novembro e o procurador geral lhe dissera para os anos 2010 ou 2011, em tom irónico , satirizando com a situação. Com todo o respeito que a pessoa do Juiz Conselheiro Pinto Monteiro me merece, não pode e não deve a quinta pessoa da hierarquia do Estado português, mesmo que seja numa situação informal, como fora o caso desta, comentar e referir-se a assuntos e matérias da importância que esta revela, com a ligeireza que fizera, pois, trata-se do processo mais delicado e complexo ocorrido no país, quer a nível politico, quer a nível social. Cujo desfecho, pelo facto de durar há mais 5 anos, poderá acentuar o descrédito e a desconfiança que a generalidade dos portugueses tem sobre a justiça.
Com efeito, exige-se do poder político, sobretudo do PR, firmeza e clareza nas suas intervenções públicas, não podem gerar interpretações ambíguas. Das instituições públicas e dos seus representantes mais serenidade e bom senso aquando do tratamento em público destas matérias, repito: mesmo em situações de índole informal como fora o caso desta. De contrário, estarão, ainda que, inconscientemente, a gerar menos respeito pelo poder político, e a contribuírem para a crispação social, para a desmotivação de todos. Talvez possam ir a tempo de emendar a mão, mas não demorem muito que o povo anda farto!

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