sábado, 25 de outubro de 2008

Será o fim do Capitalismo

Não sou um especialista na matéria, mas a crise financeira é um tema incontornável. Lendo os jornais, ouvindo ou vendo as notícias, quer na rádio, quer na televisão, aí temos a crise financeira como vaga de fundo.
Parece ser indesmentível que a crise ou as crises estão aí e vêm para ficar, só ninguém sabe por quanto tempo e quem serão os grandes prejudicados com a queda das bolsas em todo o mundo, com a nacionalização de algumas instituições de crédito e a falência de outras tantas.
A questão neste momento deve ser colocada como, sensatamente, o senador Jonh McCain a pôs: “ não é momento de apurar a culpa dos responsáveis pela crise, mas de conseguirmos arranjar solução ou soluções”. Embora concorde com esta afirmação, não me revejo em muitas das opiniões do senador Jonh McCain, sobretudo, nas medidas preconizadas por ele para a resolução do conflito no Iraque. Mas esta crónica não visa tratar este problema.
Em todo caso, andam por aí muitas vozes defendendo o fim do liberalismo e que a economia de mercado é a génese da actual crise: é muito fácil ver e encontrar pontos fracos quando só olhamos para um lado da mesma moeda e ignoramos ou omitimos o outro lado. Os que fazem este tipo de avaliação e análise ignoram ou não querem ver e concluir que nunca se viveu com tanto bem-estar social, como nos últimos anos 20 anos.
Na verdade, no mundo ocidental - na Europa e nos países anglo-saxónicos - podemos verificar que nas últimas duas décadas, foram vários os milhões de pessoas que viviam no limiar da pobreza e que tiveram oportunidade de ascender à classe média e com isso acederem a bens de consumo que até então nunca puderam ter, como por exemplo; casa própria, automóvel, televisão, vídeo, computador, Internet e a lista é quase infindável. E isto deve-se, inquestionavelmente, ao liberalismo económico, à possibilidade de o mercado funcionar livremente.
Mesmo tendo a convicção que o liberalismo político e económico foi a principal razão na melhoria da vida de milhões de pessoas no mundo inteiro, não posso deixar de aceitar que existiram excessos na actuação de algumas pessoas ligadas ao mundo financeiro. O badalado caso do subprime nos Estados Unidos, é exemplo disso mesmo. Se os reguladores do mercado tivessem actuado há um ano a trás, talvez a crise não tivesse tido esta dimensão. Por isso, e nesta medida, deve o Estado criar condições para que a regulação do mercado funcione e, ao mesmo tempo, alterar a legislação penal para que os eventuais prevaricadores possam ser punidos e assim evitar excessos no futuro.
Com este cenário como pano de fundo, os problemas financeiros e outros que sucederão como consequência deste, pelos quais os mercados, as empresas e as famílias irão necessariamente passar, temo que as correntes socialistas mais ortodoxas possam retirar aproveitamento politico desta situação e passem através do discurso demagógico e populista, que encontra nestas situações conjunturais os seu húmus para fertilizar, difundam o medo e o receio nas populações. Esta situação só irá dificultar a correcção dos mercados no reajustamento à nova realidade e a crise dificilmente seja debelada.
Assim sendo, para que as economias dos diferentes países possam criar mais emprego e mais riqueza, temos necessariamente de ter empresas sólidas e dinâmicas e estas precisam de um mercado financeiro livre, forte e regulado. Por conseguinte, estou certo que só a liberdade económica estará como esteve no passado à altura de assegurar esta premissa. Como estou, também, convencido que mais Estado e mais intervencionismo, em nada ajudará na busca da resolução desta situação difícil. Se porventura optarmos pela via de mais Estado, será um revés civilizacional.

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