terça-feira, 22 de junho de 2010

Só a si o deve.

Para nosso infortúnio, pelo menos para o meu, a morte do escritor e prémio Nobel José Saramago veio trazer a lume mais uma vez as fragilidades e inabilidades politicas do actual presidente da república, prof. Cavaco e Silva.
Não é a primeira vez que o país fica perplexo, não todos, é certo, mas muitos portugueses ficaram, com as tomadas de decisão do PR. Para reavivar a memória colectiva, porque há quem diga que a nossa, em particular, é fraca. A primeira vez, aquando da alteração legislativa do estatutos dos Açores, fez parar o país, está a fazer quase um ano, com aquela enigmática declaração feita aos portugueses. A segunda vez, fora a forma como geriu o silêncio ensurdecedor sobre a alegada vigilância ao palácio de Belém, feita por um órgão do policia criminal a mando do Governo. A última, fora a justificação mirabolante que arranjou para não vetar politicamente a Lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Na verdade, não escrevo esta crónica para fazer a defesa dos méritos ou deméritos do Nobel da literatura. O meu conhecimento sobre literatura não me permite fazer nenhum tipo de juízo. Porém, do pouco que li do escritor, gostei. Agora não posso deixar de reconhecer que, o contributo dado pelo José Saramago, à cultura e, em particular à literatura portuguesa, é inestimável e inquestionável.
Pelas razões aqui aduzidas, qualquer cidadão constituído de bom senso concluirá que o escritor José Saramago é uma personalidade portuguesa incontornável e devemos estar todos reconhecidos pelo contributo dado por ele na projecção da nossa cultura no mundo inteiro.
Por isso, sem tibiezas e eufemismos baratos, o Presidente da República Portuguesa, por força de imperativo constitucional, é o máximo representante da nação. Mais, jurou a constituição aquando da sua posse. Por isso, era seu dever, como presidente da república, ter estado no funeral do Nobel José Saramago. Não esteve.
Resta-me perguntar por que é não esteve. Se foram razões pessoais que motivaram a sua ausência, não pode ser chefe de Estado. Se outras houve, ficámos sem as perceber. Temo, por isso, que o actual chefe de Estado irá ser o primeiro a não ser reeleito. Se isso suceder, só a si o deve.

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