terça-feira, 4 de maio de 2010

Liberdade sem responsabilidade.

No passado domingo o país celebrou o 36.º aniversário da revolução de Abril. A Assembleia da república mais uma vez acolheu os mais altos dignatários do país para a comemoração da data. Como de costume, tiveram a palavra os representantes dos grupos parlamentares com assento na Assembleia, o Presidente da assembleia e por fim o presidente da República.
O deputado do PSD Aguiar branco trouxe ao plenário um discurso considerado por todos inovador na forma e no conteúdo. Apresentou-se de cravo vermelho na lapela demonstrando que, não há os democratas de primeira e os de segunda, tendo como destinatário deste recado, a esquerda radical. De conteúdo, porque tentou desmistificar a ideia que determinados pensadores tidos de esquerda, são monopólio exclusivo dos partidos de esquerda. Viver em liberdade, significa entre outras coisas, o respeito e a tolerância por quem defende ideias e ideais diferentes.
Quanto aos representantes dos partidos de esquerda não vou aqui individualizar a intervenção de cada um deles, não só porque tornaria esta crónica muita extensa, mas sobretudo porque mantiveram as ideias dos discursos do passado. Reivindicando mais direitos para os trabalhadores, ignorando que fora o excesso dos privilégios e mordomias atribuídos, não para todos os funcionários, mas, sobretudo, para os quadros intermédios e superiores, que contribuiu para o aumento quer da despesa pública, quer da despesa privada. Como julgo saber, é por todos conhecido, que o país está endividado até ao limite da sua capacidade e tem tido crescimentos da produtividade ao longo dos últimos muito aquém da média europeia.
Sua excelência o Presidente da república, através do seu discurso, colocou o enfoque no desenvolvimento económico, apontando como parte da solução para a saída da crise, o mar e as suas potencialidades, por um lado, por outro, o desenvolvimento da indústria criativa situada na região do grande Porto. Parece-me correcto a avaliação que faz dos nossos recursos e potencialidades, pena é que, quando fora chefe de governo, não tivesse implementado estas soluções. Agora, talvez seja tarde de mais.
Não obstante a democracia ter-nos trazido direitos, liberdades e garantias, porém, volvidos 36 anos da revolução dos cravos, como nação, ainda não conseguimos consolidar a plena democracia. Falta garantir a todos os cidadãos a igualdade perante a lei; que a meritocracia seja um pressuposto para a ascensão social e profissional; que os detentores dos cargos públicos olhem para a coisa pública, como um fim e não como meio para obterem privilégios e mordomias. Por fim, falta-nos ainda levar a todos os portugueses os deveres que integram a cidadania. Sem isto, poderemos vir a assistir a uma revolução ao contrário.

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