sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Tanta despesa para tão pouca receita!

O orçamento de Estado português para o ano em curso vai ter o aval do Partido Social-democrata. Parece haver um consenso generalizado quanto a esta decisão. Vivemos o pior período pós 25 de Abril, económico e político. A dívida pública, com as alegadas desorçamentações, sobretudo das empresas públicas, TAP, CP, Metro, Ana, Carris, etc, já ascende a 100% da riqueza nacional produzida num ano. O défice, há quem diga que é superior, ficará perto dos 9% do PIB. A dívida externa já ultrapassou o produto. O PSD face ao panorama actual, de crise profunda, não terá outra possibilidade senão viabilizar o orçamento para 2010.
Claro que fica a pergunta no ar, se o contexto fosse outro, deveria o PSD contribuir para a sua aprovação. Pelo pouco que se conhece do documento, os cortes na despesa são muito ténues. Percebo que o desemprego é uma preocupação e, por isso, as despesas sociais irão aumentar, todavia, será que os privilégios imorais vão diminuir. Temo bem que não. As obras públicas faraónicas vão deixar de se realizarem. Temo bem que não. As auto-estradas desnecessárias irão ser construídas. Temo bem que sim. Portanto, não havendo um sério desejo politico para atacar os verdadeiros problemas da economia vertidos no documento que sustenta o orçamento de estado, a decisão mais honesta e mais responsável, deveria consubstanciar o vota contra da bancada do Social Democrata
Os portugueses, nós todos, devem interiorizar uma vez por todas que não podem viver acima das possibilidades. E, que não podem existir portugueses de primeira, os protegidos pelo Estado, directa ou indirectamente, e os outros portugueses. Porque não é só protegido aquele que trabalha para o estado, aquele que negoceia e contrata com Estado, muita das vezes, adquire uma posição de privilégio que contraria qualquer boa regra da concorrência.
O orçamento deve ser um instrumento que vá ao encontro das necessidades dos mais desfavorecidos, daqueles que por azar ou por inaptidão não conseguem atingir o patamar mínimo da dignidade social. Também, e sobretudo, para assegurar a viabilidade das empresas que mais empregam. Todos sabemos que no nosso tecido empresarial é constituído por pequenas e médias empresas, portanto são estas que, em primeira análise, têm de ser ajudadas. Se não tivermos quem possa pagar impostos, não teremos dinheiro para fazer despesa. Parece-me que esta equação é clara para todos. Parece-me, também que este orçamento, no que toca ao modelo económico preconizado, irá em primeira análise acudir os homens do cimento. Não é por acaso que se fala nas empresas do regime. Temo bem que, ir-se-á, mais uma vez, desperdiçar uma oportunidade para pôr fim ao despesismo imoral. Resta saber se irá haver outra oportunidade. Temo bem que não!

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