terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ano novo. Será vida nova

O ano de 2010 com toda a certeza irá ser penoso para todos aqueles que trabalham ou vivem do sector privado da economia. Eu estou à vontade para falar disto, porque parte do meu rendimento tem origem nos dinheiros públicos. Como Advogado, presto serviço no âmbito do apoio judiciário.
Dito isto, e regressando às dificuldades previstas para a nossa economia e secundadas pela maioria dos economistas da nossa praça, sendo quase todos unânimes no antecipar que, a generalidade dos trabalhadores do sector privado, irão ter um ano de 2010 muito difícil. O aumento do desemprego será a principal causa.
Estas premissas têm assento, fazendo, aqui, tábua rasa dos problemas estruturais da nossa economia que há muito mimam o desenvolvimento e progresso, na necessidade imposta por Bruxelas aos Governos dos países com deficits excessivos terem de reduzir os respectivos para três por cento do produto. Acresce, no caso português, o aumento da dívida pública, que já é superior a 80% do produto interno bruto e com o consequente abaixamento do rating financeiro português. Tendo como consequência directa e necessária o aumento dos juros para os empréstimos contraídos e a contrair.
Na verdade, o panorama não é fácil e só com medidas firmes e eficazes, mesmo que impopulares, poderemos consolidar as contas públicas e, consequentemente, credibilizarmos a actividade do Estado aos olhos das entidades externas – OCDE, EU e FMI.
Há quem defenda que a solução deverá ser encontrada, sobretudo, no lado da receita, no aumento de impostos. Porém, na minha opinião, que não é de economista, mas de quem é dotado de senso comum, a solução deverá passar, no mais, pela contenção da despesa pública; congelamento da progressão das carreiras, salários e no findar de muitos privilégios, até imorais, auferidos por gente ligada ao sector publico empresarial. Não nos podemos esquecer de que o ano de 2009 trouxe um aumento para o funcionalismo público de 2,9%, enquanto a inflação andou em níveis negativos, por conseguinte, houve um aumento real nas carteiras dos trabalhadores ligados ao sector público.
Com efeito, em nome da tão propalada coesão e solidariedade nacional que, os políticos tanto gostam de fazer alusão, chegou a hora de saírem do papel para descerem à vida real, e os sacrifícios a levar a cabo, sejam proporcionais à capacidade de cada em fazê-los. Só assim, atingiremos o desígnio nacional e com isso atenuaremos as assimetrias existentes na sociedade portuguesa.
Por isto tudo, o ano de 2010 irá ser um exame às nossas capacidades de solidariedade enquanto país que pretende estar a par com os países mais desenvolvidos. Seremos ou não capazes de ultrapassar os problemas e as dificuldades. Só depende do nosso esforço e empenho e, ninguém pode alhear-se desta responsabilidade, ou então teremos um país de muitas realidades e que não nos fortalecerá como nação.

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