quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Balanço

Esta crónica é a última deste ano. Por isso, é altura de fazer o balanço político. Antecipo desde já o resultado, pouco ou nada de bom sucedeu. Comecemos pela performance do Governo: o primeiro ministro envolvido em casos de mais. Em suspeições que fragilizam a vida politica, não sei mesmo se algum dia a credibilidade será predicado da actividade politica portuguesa. Foram “estórias”de mais, que na minha opinião atingiram indelevelmente o regime e democracia.
A crise internacional veio acrescer à crise estrutural que vivemos há décadas, para não dizer que o nosso país tem uma crise endémica, que nos tolda os horizontes desde a fundação. A governação foi feita de inverdades, num dia afirmava-se que o crescimento do país estava a níveis dos índices dos países europeus, nossos congéneres na EU, no outro, a entidades oficiais vinham desmentir o afirmado pelo Governo. Tudo tinha origem na crise internacional. Basta. Os portugueses têm de saber a verdade, e a verdade é dura e crua: vamos ter de pagar o desgoverno dos últimos dez anos, com impostos. Não há alternativa.
Por outro lado, a oposição prendeu-se com questões paralelas, como o casamento das pessoas do mesmo sexo, a gripe A, as escutas e asfixia democrática. O Partido Social Democrata nunca se encontrou, durante a campanha eleitoral para as legislativas, as putativas escutas em Belém foram o mote. E há culpados nesta escolha. Perderam uma grande oportunidade para discutir, desmascarar o Partido Socialista e de falarem aos portugueses, olhos nos olhos, aquilo que na realidade o país necessita. Não o fizeram e, perderam as eleições, sem apelo nem agravo.
A presidência da república, aparentemente, com responsabilidades no caso das escutas em Belém, perdeu, aos olhos dos portugueses, credibilidade e, num momento em que presidente devia ser o garante do regular funcionamento das instituições, está condicionado na sua intervenção.
Por conseguinte, tudo correu mal, pior era impossível. Será que os presentes actores políticos têm capacidade de inverter o “status quo”, tenho muitas dúvidas. No entanto, espero que a sociedade civil tome consciência que terá de abdicar de muitos privilégios, aqueles que os têm e, não são tão poucos como isso. Não nos podemos esquecer que mais de seis milhões de portugueses dependem directa ou indirectamente do Estado. Isto é insustentável.
Bom Natal para todos e um melhor 2010, pelo menos com mais responsabilidade. Todos somos responsáveis pelo pais que temos.

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